O projeto TEATRO DE CONDOMÍNIO
– CARTOGRAFIA PÚBLICA E PRIVADA tem como proponente a Cia. Artehúmus de Teatro, coletivo que pretende investigar, durante doze meses, atividades práticas
e teóricas que possibilitem à equipe criadora construir durante o processo de
criação, posicionamentos poéticos e políticos.
Ao longo da sua trajetória, a companhia elaborou onze espetáculos
teatrais e trabalha sempre com dramaturgia própria – organizada por um dos
integrantes do grupo, o encenador e dramaturgo Evill Rebouças. Para tanto,
trabalhamos com o conceito de dramaturgias
em processo, isto é, elegemos um assunto e os discursos poéticos e
políticos são elaborados durante o processo de criação por meio de experimentos
práticos, sempre amparados por reflexões teóricas.
Nesse processo, todos os elementos da cena possuem pesos similares
- pressuposto que dá aos integrantes a possibilidade de se colocar como
elaboradores de discursos.
Por meio do projeto TEATRO DE
CONDOMÍNIO – CARTOGRAFIA PÚBLICA E PRIVADA pretendemos ampliar a
pesquisa do grupo em relação às poéticas
do espaço da representação. A eleição do tema cartografias (do grego chartis = mapa e graphein = escrita) se dá em função das seguintes inquietações:
Tema a ser investigado
São Paulo é a segunda maior cidade do mundo e a maior da América
do Sul, somando hoje, cerca de mais de 10 milhões de habitantes. No entanto, se
considerarmos os 38 municípios que compõem a região metropolitana, a população
chega a aproximadamente 19 milhões.
Quais as alternativas e tipos de moradias para essa população?
No campo público, temos as insuficientes políticas públicas que
constroem CDHU´s, Cingapuras e a chamada “urbanização de favelas”, entre outras
nomenclaturas. E, para os cidadãos que não conseguem adquirir um imóvel, a
solução é ocupar prédios abandonados, terrenos, abrigos e ruas.
Em oposição à paisagem habitacional descrita, surgem as
iniciativas privadas para os cidadãos mais abastados: habitantes que se isolam
dos “perigos dos arredores” em condomínios com forte esquema de segurança.
De que modo as diferentes arquiteturas interferem nas relações de
seus moradores e quais os microcosmos criados nesses diferentes espaços
residenciais?
É a partir dessas duas questões que pretendemos investigar
conteúdos para nossos experimentos, ou seja, diante dessas distintas paisagens
habitacionais que implicam claramente em um apart-eid
social, pretendemos criar dramaturgias
que tenham como base:
- Investigar “as leis” e
os modos de convivência em espaços e arquiteturas que implicam o convívio
coletivo, em diferentes classes sociais e econômicas;
- Criar coletivamente a
escrita de dramaturgias/espetáculo, tendo
como objetivo refletir sobre posicionamentos éticos e sociais em agrupamentos
residenciais, sublinhando isolamentos ou aproximações de
convívio.
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